Crônicas de Quinta
Escrito para o Mundo Botafogo
Eis que fomos surpreendidos na semana passada com a morte do eterno craque Mendonça, um dos nomes mais citados e reverenciados da mitologia botafoguense.
Ele foi a nossa grande Estrela Solitária num período que carregávamos a incerteza de dias melhores e a agonia por vitórias e troféus.
E, num Botafogo andarilho e às avessas, eis que surge, em meio à escuridão que nos rodeava, a única luz capaz de iluminar e amenizar as nossas tristezas, fazendo brotar a esperança no coração dos botafoguenses.
Dizem os sábios que é na noite mais escura que as estrelas brilham mais... Mendonça foi assim...
Nós, como botafoguenses devotos, sempre escutamos sobre os feitos dos nossos heróis, e Mendonça era um dos mais belos capítulos já escrito em preto e branco... E é assim que nossos ídolos rompem com a mortalidade da vida para se tornarem imortais em nossos corações e na história do nosso Clube.
Herói de capa, espada, alma e coração, que jogou futebol quase solitariamente no clube do seu coração, representando cada um de nós dentro do campo com perseverança e paixão.
Ah!... Tinha que ser lá, no Maracanã monumental, palco maior do nosso futebol, tinha que ser lá... Tinha que ser lá que Mendonça, num drible simples, sutil e elegante, mostrou toda a sua genialidade contra um adversário de mérito… Os verdadeiros craques, caro leitor, fazem parecer bem simples os mais complicados lances… O verdadeiro craque antevê antes de todos e... ‘genializa’!
E foi assim, por efeito de um drible genial, que Mendonça parou o planeta futebolístico em um instante mágico de feliz perplexidade, ofertando ao mundo o privilégio de contemplar o gingado do Botafogo de outrora e transformando aquele drible e aquele jogo em um baile, um baile em que chamou o seu brioso adversário a dançar ao movimento do seu gingado… devolvendo a cada um de nós o desagravo de um tempo de ansiedade e frustração que Mendonça mudou para sempre.
Acredito que para os torcedores Mendonça foi a força encarnada em cada um de nós até chegarmos a 1989. Acredito que Mendonça tenha sido o nosso Heleno de Freitas mais contemporâneo... Nem ele nem Heleno precisaram de títulos para serem a Estrela Solitária maior dos seus tempos; ambos vieram com a missão de personificar o "foste herói em cada jogo" do nosso hino...
Heleno e Mendonça acabaram por sair do Botafogo sem o almejado e procurado título, mas o Botafogo jamais saiu dos seus corações, corações esses e classe futebolística essa que transformaram ‘jogar e torcer’ em sinônimo de devoção a um Clube.
A torcida botafoguense é um povo que canta com a alma na garganta e que tem a Estrela como guia...
Saiba, Mendonça, que você foi um ‘Grande de Hespanha’, de capa e espada, de alma e coração, que tornou leve, bem leve, um fardo que nos assombrava...
Salve Mendonça, um dos nossos ídolos maiores! Salve o nosso Botafogo, de tantas histórias e tantos ídolos!!!
Publicação original: "Obrigado Mendonça!", Mundo Botafogo.
Saudações botafoguenses!
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